sexta-feira, abril 26, 2013

Paulo Henrique Amorim e sua paixão debochada


Gosto de ler os blogs sobre política. Sempre acho que tudo que leio e superior ao que escrevo. Acredito que o conhecimento das ideias alheias fortalece as nossas.
Navegando por esse mundo tão livre, passei a ler o Blog do Luis Nassif, o Viomundo, de Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna, com o seu 'O Escrevinhador' e Paulo Henrique Amorim, no seu Conversa Afiada.
Confesso que custei a entender que os blogs eram opinião pessoal e não jornalística, como inicialmente pensei que era.

A paixão de Paulo Henrique Amorim pelo PT é tão fascinante que senti vontade de escrever sobre ela. 
Ler Conversa Afiada é tão cômico quanto apaixonante. Os textos muito bem redigidos impressionam pelo poder de conseguir extrair dos leitores todo o tipo de emoção que se refletem nos comentários logo abaixo de cada artigo.

PHA, como é chamado pelos leitores de seu blog, parece ter alguns alvos favoritos (dignos dos adeptos da teorias conspiratórias): Globo (582 postagens criticando a Rede Globo e seus funcionários, geralmente do jornalismo), PSDB (595 postagens) e FHC (583 postagens).

O blogueiro jornalista tem sempre um discurso contaminado por suas paixões. Todos os textos tem um tom de deboche intrigante. É gostoso lê-los, desde que nos coloquemos distantes (levei um tempo pra compreender isso).

Sua paixão por Lula e o PT é incrivelmente admirável. É paixão. Daquelas que cegam e nos tiram da razão. Desenfreadas como a de quando somos adolescentes e experimentamos pela primeira vez esse sentimento que nos enlouquece e nos cega a ponto de negar o óbvio.
E eu aqui do outro lado da tela, assumo o papel da amiga invejosa. Aquela que por nunca ter tido a oportunidade de viver uma loucura dessas que nos leve o bom senso fica criticando o lindo romance entre o casal.

Não acredito no PT, nem em Lula. Da mesma forma que não acredito em nenhum partido. Acho tolice os que acreditam em ideologia que não existe. A meu ver, é como acreditar em Papai Noel. Para PHA, quem não ler a cartilha do PT será vítima de crítica. E se a Dilma não faz o que ele acha 'justo' contra a Globo, ela mesma levará sua saraivada de palavras debochadas.

Espero que um dia esse maravilhoso jornalista volte a encontrar o bom senso, perdido em algum corredor da Central Globo de Jornalismo.

P.S: Leio também Veja, Época, Carta Capital, Pragmatismo Político, Congresso em Foco, G1, Portal Uol, Portal IG e muitos outros blogs menores e páginas interessantes.

quinta-feira, abril 25, 2013

NOTA CONJUNTA ADEPOL E ADPF PEC- 37/2010


Brasília, 23 de novembro de 2012.
PEC DA LEGALIDADE
PEC 37 de 2010
N O T A C O N J U N T A

A Associação dos Delegados de Polícia do Brasil – ADEPOL-BR e a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal – ADPF, servem-se da presente para externar posição perante a sociedade, acerca da Proposta de Emenda Constitucional nº 37 de 2010, aprovada pela respectiva Comissão Especial na Câmara dos Deputados.                        
Membros do Ministério Público têm manifestado insatisfação sobre a referida Proposta Legislativa, chamando-a, levianamente, de PEC da Impunidade. Na realidade, os argumentos por eles utilizados é que têm nos deixado perplexos. Senão vejamos:
Diferente do afirmado pelos promotores e procuradores, no texto aprovado não existe nenhum comando que altere ou suprima qualquer das atribuições constitucionais do Ministério Público, todas definidas no art. 129 da CF, dentre elas:
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
………………………….
VII – exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
………………………..
O Ministério Público, mesmo com a aprovação do Substitutivo em comento, manterá suas prerrogativas de participar ativamente da investigação criminal realizada pela Polícia Judiciária, por meio de requisições de instauração de inquérito policial e de diligências investigatórias.
Caso aprovada a citada PEC, em nada será afetado o salutar controle externo da atividade policial, exercido pelo Ministério Público. Destarte, não se pode falar em PEC da impunidade, se ao Ministério Público compete fiscalizar o trabalho policial, complementá-lo por meio de requisição e prevenir eventuais omissões.
As investigações pelo Parquet já realizadas, sem amparo legal (qual é a lei que regulamenta a realização, limites e controle de investigação criminal pelo MP?), ficam totalmente ressalvadas pela modulação dos efeitos inserta no art. 3º do Substitutivo aprovado, in verbis:
“Art. 3º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias é acrescido do art. 98, com a seguinte redação:
Art. 98. Ficam ressalvados os procedimentos investigativos criminais realizados pelo Ministério Público até a data de publicação da Emenda Constitucional que acrescentou o § 10 ao art. 144 e os §§ 6º e 7º ao art. 129 da Constituição Federal.”
O Substitutivo aprovado, em seu art. 1º, reitera o poder investigatório das polícias legislativas, das Comissões Parlamentares de Inquérito, bem como dos Tribunais e do próprio Ministério Público em relação aos seus membros, conforme previsto nas respectivas leis orgânicas.
As apurações de infrações administrativas, realizadas por todos órgãos públicos (Agências, Ministérios, Secretarias, Empresas Públicas, Autarquias, etc.), evidentemente não são atingidas pela PEC 37, visto que se prestam à apuração de infrações administrativas, cujo resultado pode, até mesmo, servir de base para a propositura de ação penal pelo Ministério Público.
É a Polícia Judiciária do Brasil que tem sido vítima de usurpação de suas funções constitucionais desde 1988, quando teve início uma necessidade insaciável de monopólio de poder por parte do Ministério Público e de seus membros que não encontra limite nem semelhança em qualquer outro sistema judicial do mundo.
Por outro lado, em nenhum momento, foram trazidas reflexões sobre as seguintes indagações, diante do Estado Democrático de Direito garantido pela Constituição Federal:
Admite-se que um servidor público conduza qualquer processo ou procedimento, ou sequer pratique ato que afete de uma forma ou de outra o cidadão, sem a devida previsão legal?
É possível que se entregue a um ser humano (portanto falível), no caso o promotor ou procurador, a prerrogativa de investigar quando quiser, quem quiser, da forma que melhor lhe servir, pelo prazo que achar adequado, sem qualquer tipo de controle externo, com ausência absoluta de tramitação por outro organismo, sem nenhum acesso pelo investigado e, ao final, ele próprio decidir se arquiva ou não aquele mesmo procedimento inquisitorial?
Será que a investigação do promotor ou procurador, livre de qualquer regramento, freio ou controle externo, não poderia permitir o terrível exercício do casuísmo, ou seja, atuar conforme a sua contemporânea vontade pessoal e não em face de regramento legal previamente estabelecido?
Será que o promotor ou procurador, parte acusadora e interessada no resultado do processo penal, teria a suficiente isenção e imparcialidade para trazer para a sua investigação todos os elementos que interessam à verdade dos fatos, mesmo que favoreçam a defesa do cidadão?
Quantos cidadãos ignoram que são investigados pelo Ministério Público inclusive com interceptações telefônicas, neste momento no país, sem qualquer controle e devido processo legal?
Sendo assim, pugnamos que as discussões acerca desse importante tema sejam feitas sempre dentro do plano da reflexão sobre a verdade, sem desinformação e sensacionalismo exacerbado.

segunda-feira, abril 22, 2013

Carta-resposta a Rachel Sheherazade, apresentadora do SBT Brasil


Quando a gente tem a oportunidade de ver o outro lado, as coisas mudam de figura. A soberba de algumas pessoas chega a trazer-nos credibilidade ao conteúdo do que fala.
Mas nem sempre isso reflete a realidade.
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Por Mariana Gomes, em seu blog
Abaixo a carta-resposta que escrevi ao SBT devido à reportagem sobre meu projeto de mestrado veiculada em rede nacional.
Caros Rachel Sheherazade e equipe do SBT,
Eu sou Mariana Gomes, mestranda em Cultura e Territorialidades e responsável pelo projeto My pussy é o poder. Gostaria de agradecer à visibilidade que estão dando ao projeto sobre funk e feminismo. Quero agradecer também por serem claros ao exibirem todo o conservadorismo de Rachel e o oportunismo de vocês. Digo isso porque pretendo pontuar algumas questões nesta carta-resposta, e elas, com certeza, não contemplarão a visão de mundo tão pequena apresentada tanto na reportagem quanto nos comentários da jornalista.
Em primeiro lugar, Rachel, logo na apresentação da matéria, um pequeno erro demonstra seu “vasto” conhecimento sobre a área acadêmica: no mestrado não se faz tese, e sim, dissertação. A tese só chega com o doutorado. Mas tudo bem, este é um erro bastante comum para quem está afastado do ambiente acadêmico e, mesmo assim, pretende julgá-lo ferozmente. Outra questão importante é: frisei em diversos momentos que o projeto não se refere apenas à Valesca, ainda assim preferiram insistir no caso. Perdoados, Valesca é diva, merece destaque mesmo.
Em segundo, mas não menos importante, gostaria de pontuar algo que pra mim é muito caro. Não existe dualidade entre usar o cérebro e outras partes do corpo para produzir qualquer coisa na vida. O repórter disse que eu usei o cérebro para fazer o projeto e que, Valesca, usa ~outras partes do corpo~. Ora, queridos, eu usei muito esse popozão aqui para fazer minhas pesquisas. Dancei muito até o chão, fiz muito treinamento do bumbum e continuo fazendo muito quadradinho de quatro (o de oito não consigo AINDA)! Valesca usa o cérebro tanto quanto eu, você – e mais que Rachel – para continuar seu trabalho. Não julguemos a inteligência de uma mulher de acordo com os padrões estabelecidos. Isso é machismo :)
O repórter me perguntou por mais de uma vez se eu tive medo de não ser aceita na academia com meu trabalho. E todas as vezes eu respondi que NÃO TIVE MEDO. Confio no meu potencial, na relevância do tema e, principalmente, na capacidade de renovação e transformação da academia. Quando se trata da UFF, mais ainda, porque conheço o corpo docente e sei a visão de mundo dos professores – nada conservadora, muito mais avançada do que muitos que se dizem avançados.
Não vou comentar sobre o fato de terem entrevistado apenas uma pessoa na rua – e que disse que eu merecia nota zero – porque competência é critério básico para o jornalismo ;)
Sobre a minha fala: colocaram o que eu disse em um contexto equivocado. Eu não tenho essa visão utilitarista da cultura. Não acho que para acabar com o preconceito precisamos “ver o que eles tem a oferecer”. O que eu estava dizendo ali é que, durante a pesquisa, é preciso abrir a mente e ver o que vamos conseguir extrair da observação participante e o que vamos aprender com o movimento. Afinal de contas, quem tem que oferecer algo sou eu: um bom projeto, que sirva para transformar – ao menos parte – (d)o mundo!
“O papel do funk na cultura, só o tempo dirá”, diz o repórter. ISSO NÃO É VERDADE. O papel do funk na cultura está comprovado. E não por mim, pelo meu projeto, por projetos anteriores, mas pelas práticas cotidianas, pelo seu papel em diversas áreas de conhecimento, em diversos setores da sociedade, pela referência que se tornou para boa parte da juventude brasileira. A reportagem é rasa e não tem qualquer compromisso com a realidade concreta, que já provou há muito tempo o que o funk representa.
Agora vamos ao chorume destilado por você, Rachel Sheherazade: insinuar que a popularização da universidade é ruim fica muito, muito feio pra você. Desculpe-se, por favor. E se o funk fere seus ouvidos de morte, acho uma pena, porque EU ADORO, EU ME AMARRO. E meu recado pra você é: é som de preto, de favelado, mas quando toca ninguém fica parado ;)
Dizer que produção de cultura vai do luxo ao lixo é de uma desonestidade intelectual sem tamanho. Como eu disse ao G1 e digo diariamente, hierarquizar a cultura só prejudica. Essa hierarquia construída ao longo de séculos e baseada em um gosto de classe muito bem definido, no qual apenas o que elites definem o que é cultura e o que não é – ou, nas suas palavras, o que é ‘luxo’ e o que é ‘lixo’ – precisa ser COMBATIDA. Creio que a academia é SIM uma das trincheiras na luta pela desconstrução desse pensamento elitista, preconceituoso e, para não ser maldosa, desonesto.
Você, Rachel, diz que as funkeiras estão aquém do feminismo. Mas e você? O que sabe sobre o tema? Tendo a acreditar que Valesca sabe muito mais sobre isso do que você, mas estou disposta a ouvir seus argumentos sobre o assunto. Feminismo, assim como o meu projeto, não é piada, é coisa séria, muito séria.
Para concluir, gostaria de te perguntar quais critérios te levaram a questionar a profundidade do meu projeto. Não gostaria de personalizar o problema, mas nesse caso, não tenho outra alternativa. Você sabia que meu projeto obteve nota 8,5 entre vários projetos avaliados? Pois é. Você leu o meu projeto? Pois é. Você sabia que, para ingressar no mestrado, uma prova é aplicada e, nela, precisamos estudar no mínimo 4 livros? Disponibilizo aqui a bibliografia cobrada para tal prova e aproveito para perguntar – não que isso faça diferença, mas quem começou com argumentos sobre profundidade foi você – quais deles você já leu ao longo da vida. No meu projeto também consta parte da bibliografia utilizada por mim. Também questiono: dali, quais livros você já leu, conhece ou ouviu falar?
Peço perdão pelo argumento de autoridade em dizer que é preciso ler para saber das coisas mas, nesse caso, se você me cobra profundidade, eu te cobro conhecimento.
Abra a mente, Rachel! Vem aprender a fazer o quadradinho ;)
Cordial – mas não passiva – mente,



Nepotismo e Troca de Favores: O Judiciário na berlinda




ITALO NOGUEIRA, para a Folha

Há dias circula a informação de que há uma articulação para tornar Marianna Fux, filha do ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux, desembargadora do Rio. Se a operação for bem-sucedida, não será inédita. Cerca de 16% desses cargos no Tribunal de Justiça do Estado são ocupados por parentes de magistrados ativos ou aposentados.

A taxa de parentesco aumenta no chamado quinto constitucional, em que um quinto das vagas é destinado a membros do Ministério Público e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Dos 36 desembargadores hoje na ativa e que foram escolhidos desta forma, 10 têm algum vínculo no Judiciário.

A reportagem identificou no TJ-RJ 28 desembargadores com parentesco entre si, com magistrados aposentados ou ministro do Supremo Tribunal Federal. Isso representa 15,7% dos 178 que compõem o órgão.

Editoria de Arte/Folhapress

TROCA DE FAVORES

Não há vedação legal para a prática. Mas ela, comum no Poder, indica uma "troca de favores" entre magistrados, membros do Ministério Público, integrantes da OAB e políticos, afirma o desembargador Siro Darlan, membro da AJD (Associação Juízes para a Democracia).

"Ninguém quer proibir magistrado de ter filho juiz. Mas o percentual de parentes desembargadores mostra que há um favorecimento", disse.

Presidente da OAB do Rio de Janeiro, Felipe Santa Cruz afirma que não é possível impedir que os filhos sigam a carreira dos pais.

"É um risco generalizar. Temos filhos de desembargadores que são brilhantes. Há casos no Brasil de famílias de ministros, de juristas. Nem por isso houve uma fraude."

Procurados pela reportagem, o Ministério Público e o TJ não se pronunciaram até o fechamento desta edição.

TRAMITAÇÃO

Há duas formas para se tornar desembargador. Quatro quintos do quadro do TJ são escolhidos entre juízes do próprio tribunal. São indicados por antiguidade e merecimento, alternadamente.

Um quinto das vagas é reservada para membros do Ministério Público e da OAB. Esses órgãos, alternadamente, fazem lista com seis nomes. O TJ analisa os candidatos e envia três opções ao governador do Estado, que decide quem ocupará a vaga.

A última escolhida por Sérgio Cabral (PMDB) foi a procuradora Mônica de Faria Sardas, filha da desembargadora Letícia de Faria Sardas, que atualmente é presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio.

Ela tem 22 anos de carreira no Ministério Público. Obteve a vaga na terceira tentativa, após a mãe assumir a presidência da corte.

Na cerimônia de posse de Sardas, a presidente do TJ-RJ, desembargadora Leila Mariano, afirmou: "[Ela] Fará com que o nome Faria Sardas seja uma referência".

A mãe da magistrada recém-empossada declarou, de acordo com o site "Consultor Jurídico": "No Brasil temos pais com filhos ou filhas, ambos desembargadores, mas mãe e filha não há em nenhum dos tribunais no país. Para mim isso é de uma grande emoção".

Darlan criticou. "A presidente do TRE [é alguém] de quem o governador em certa medida depende. Emplacar a filha desembargadora não é republicano."

Procuradas, as desembargadoras não se pronunciaram até a conclusão desta edição. A assessoria do governador disse apenas que ele escolheu um nome da lista tríplice enviada pelo TJ.

"Ter uma procuradora de Justiça que chega ao Tribunal de Justiça é quase uma etapa da carreira. O Ministério Público do Rio é seríssimo. Não é pelo fato de ser filha de alguém que a pessoa está inapta ao cargo", disse Felipe Santa Cruz, da OAB.

sexta-feira, abril 19, 2013

Todo mundo deve ver esse vídeo



politicos-br

O pessoal do site Ranking Políticos elaborou um vídeo muito interessante sobre a relação IMPOSTOS x BENEFÍCIOS x POLÍTICOS, que foi e compartilhada pela página Acorda Brasil, no Facebook.
Cheguei a ouvir alguns comentários que essa iniciativa seria do empresariado paulista 





domingo, abril 14, 2013

Caetano Veloso: Ainda Feliciano?


Por Caetano Veloso, em O Globo On Line


Por que mentir tão descaradamente sobre fatos conhecidos?


Nem estou acreditando que volto ao assunto do pastor/deputado/presidente da CDHM. Mas, como muitos devem ter visto, ele mentiu reiterada e estridentemente sobre mim. 

Há um vídeo no YouTube em que Feliciano, esbravejando de modo descontrolado, diz-se com Deus contra o diabo e, para provar isso, mente e mente mais. 
As pessoas religiosas deveriam observar o quanto ele está dominado pela soberba. Faz pouco, ele se sentiu no direito de julgar os vivos e os mortos, explicando por meio de uma teologia grotesca a morte dos garotos dos Mamonas e sagrando-se justiçador de John Lennon. Agora, aferra-se à mentira. Meu colega Wanderlino Nogueira notava, com ironia histórica sobre as espertezas da igreja católica, que a mentira não está entre os sete pecados capitais. Mas sabemos que “levantar falso testemunho” é condenado pelo Deus de Moisés. 
Por que mentir tão descaradamente sobre fatos conhecidos? 
Será que minha calma observação, aqui neste espaço, de que sua persona pública é inadequada ao cargo para o qual foi escolhido (matizada pela esperança no papel das igrejas evangélicas) o ameaça tão fortemente? Eu diria a pastores, padres, rabinos ou imãs — sem falar em pais de santo e médiuns espíritas, que são diretamente agredidos por ele — que atentassem para o comportamento de Feliciano: como pode falar em nome de Deus quem mente com tão evidente consciência de que está mentindo?
Sim, porque não há, dentre aqueles que prestam atenção no meu trabalho, quem não saiba que, ao cantar a genial canção de Peninha “Sozinho” num show, eu indefectivelmente dizia não apenas que me apaixonara por ela através das gravações de Sandra de Sá e de Tim Maia: eu afirmava que cantá-la ao violão era só um modo de chamar a atenção para aquelas gravações. Como pode Feliciano dizer que “a imprensa foi rastrear” e descobriu que a música já tinha sido gravada por Sandra e Tim? Essas duas gravações eram sucessos radiofônicos. E como pode ele, sem piedade daqueles que com tanta confiança o ouvem em seu templo, afirmar que eu disse em entrevista coisa que nunca disse e nunca diria, ou seja, que o êxito inesperado de minha versão de “Sozinho” se deveu a eu ter mostrado a faixa a Mãe Menininha e esta ter-lhe posto uma bênção que, para Feliciano, seria trabalho do diabo? Mãe Menininha, figura importante da história cultural brasileira, já tinha morrido fazia cerca de dez anos quando gravei a canção.
É muita loucura demais. E muita desonestidade. Aprendi com meu pai os gestos da honestidade — e tomei o ensinamento de modo radical. Me enoja ver a improbidade. Feliciano sabe que eu nunca dei tal entrevista. Mas não se peja de impressionar seus ouvintes gritando que eu o fiz. Ele, no entanto, não sabe que eu jamais sequer mostrei qualquer canção minha à famosa ialorixá. Nem a Nossa Senhora da Purificação eu peço sucesso na carreira. Nunca pedi. Nem a Deus, nem aos deuses, e muito menos ao diabo. Decepciono muitos amigos por não ser religioso. Mas respeito cada vez mais as religiões. Vejo mesmo no cristianismo algo fundamental do mundo moderno, algo inescapável, que é pano de fundo de nossas vidas. Mas não sou ligado a nenhuma instituição religiosa. Eu me dirigiria aqui àqueles que o são.

Os homens crentes devem tomar atitude mais séria em relação a episódios como esse. O que menos desejo é ver o Brasil dividido por uma polaridade idiota, em que, de um lado, se unem os que querem avanços nos costumes, e de outro, os que necessitam fundamentos de fé, ambos gritando mais do que o conveniente, e alguns, como Feliciano, saindo dos limites do respeito humano. Eu preferiria dialogar com crentes honestos (ou ao menos lúcidos). Não aqueles que já se põem a uma distância segura da onda neopentecostal. Eu gostaria de dialogar com um Silas Malafaia, de quem tanto discordo, mas que respeita regras da retórica e da lógica. Marina Silva seria ideal, mas poupemo-la. Não é preocupante, eu perguntaria a alguém assim, que um dos seus minta de modo tão escancarado? É fácil provar que nunca fiz aquelas declarações e é fácil provar que Sandra e Tim tiveram êxito com a obra-prima de Peninha. E que eu louvei esse êxito ao cantar a canção. Foram dezenas de milhares de brasileiros que ouviram. Se Feliciano precisa, para afirmar sua postura religiosa, criar uma caricatura caluniosa dos baianos e da Bahia, algo é muito frágil em sua fé. A maré montante do evangelismo não dá direito à soberba irrefreada. O boneco tem pés de barro. E cairá. Eu creio na justiça e na verdade. Esses valores atribuídos a Deus têm minha adesão irrestrita. Não sei que Deus sustenta a injustiça e a mentira. Ou será que é aí que o diabo está?


segunda-feira, abril 01, 2013

Lei da Ficha Limpa é uma tentativa de perfumar adubo

Lei da Ficha Limpa: Um caso a Pensar

Por Jânio Quadros Neto
[Artigo originalmente publicado no jornal Folha de S.Paulo desta segunda-feira (1/abr/13)]


Temos acompanhado pela imprensa quase incontáveis operações policiais e escândalos envolvendo a classe política e governamental. Temos visto espetáculos do Poder Judiciário e do Ministério Público atacando a praga da corrupção. A política se tornou insuportável.

Surpreende que dificilmente as autoridades discutam as causas e tentem prevenir a corrupção. Por que não buscar eliminá-las ou no mínimo enfraquecê-las? Corrupção é uma doença e devemos procurar uma vacina. A solução não se encontra em ações policiais, julgamentos e espetáculos na televisão.

Muitos aplaudiram a aprovação da Lei da Ficha Limpa. Pode parecer insanidade, mas eu não o fiz. A lei é uma tentativa de perfumar adubo. O cheiro pode melhorar, mas a essência permanece a mesma.

Se é necessário ter uma lei que impeça pessoas condenadas por crimes de se candidatarem, podemos presumir que o eleitorado goste de eleger bandidos. Seguindo essa presunção, podemos então desconfiar de que falte razão ao eleitor.

Mas qualquer pesquisa eleitoral indica que a maioria da sociedade não confia nos políticos e despreza o processo eleitoral. Por que, então, alguns candidatos com muita rejeição conseguem se eleger? É o sistema que é furado!

Um sistema eleitoral e partidário como o nosso é uma receita para a desgraça. O voto desproporcional e não distrital e o excesso de partidos políticos fazem com que a corrupção seja uma questão de sobrevivência política e eleitoral.

Os 30 partidos hoje existentes no país não representam nenhuma ideologia ou proposta concreta.

Em 2010, São Paulo teve 1.275 candidatos a deputado federal. Isso é patético. Como um eleitor inteligente e consciente terá tempo ou paciência para analisar 1.275 currículos? Aquele que for correto e bem-intencionado dificilmente se elegerá e mais dificilmente ainda sobreviverá.

O Brasil está entre os países que têm as eleições mais caras do mundo. Para se eleger, um candidato precisa de uma máquina política, gastar milhões ou ser artista. Isso não atende ao melhor interesse do eleitorado nem da sociedade.

Por que não ter o voto proporcional e distrital com poucos partidos políticos? Talvez cinco, no máximo. Por que todos os candidato não têm o mesmo tempo e espaço na televisão? Por que donos de veículos de comunicação podem se candidatar? Não é coincidência que quase todo coronel político é dono de veículos de comunicação.

Alguns defendem o financiamento público de campanhas políticas. Isso só seria viável se o voto fosse proporcional, distrital e com poucos partidos. Com essas regras, seria muito difícil comprar uma eleição. Quem tivesse um índice alto de rejeição não se elegeria. Não precisaríamos de uma Lei da Ficha Limpa. O eleitor e as urnas naturalmente eliminariam fichas sujas.

Partidos devem ter uma identidade ideológica forte e um manifesto político. No Brasil, muitas legendas só existem para desfrutar do fundo partidário e negociar cargos e tempo de televisão. Raramente servem aos interesses da sociedade, mas com frequência atendem aos objetivos de caciques partidários.

Apesar de tanta gente ruim conseguir se eleger, não é ao eleitor que falta razão -é o sistema que é falho. Montesquieu teorizou que "Todo povo tem o governo que merece." O Brasil merece bem mais. Temos que mudar o sistema eleitoral.

Jânio Quadros Neto é mestre em economia pela Universidade de Londres.

terça-feira, março 26, 2013

Editoral: Seca Nordestina X Copa 2014


Um pequeno editorial do "Jornal do SBT"



Seca não é mais novidade
No Nordeste, o problema da seca é um velho conhecido, mas o drama dos nordestinos se renova a cada ano.
Se o fenômeno não é surpresa, surpreendem a falta de planejamento e a aridez de soluções...

Mas a seca não tem pressa, mais urgente são as Olimpíadas e a Copa do Mundo, que e melhor preparar o Brasil para os estrangeiros, do que servir os próprios brasileiros.

Aos flagelados restam as promessas, tão ilusórias quanto á transposição do Velho Chico, o grande "elefante branco" do semi-árido.
De tão carentes, os nordestinos nem esperam muito. Basta matar a sede do gado e não ter que abandonara própria terra.
De tão explorada, a seca já não comove tanto. Solo rachado, as crianças desnutridas, as carcaças pelo chão...
Nada disso nos desperta a solidariedade e nem um sopro de compaixão.


Gado não resistiu à seca